A Garota que torturava
A Garota Humilhada
A Garota Psicopata
O Garoto que amava
O Garoto que amava
A casa dos Maeda era uma residência comum com uma família comum que viviam num apartamento no sul da cidade.
Os Maeda eram um casal que tinha um filho chamado Tadashi que tinha 16 anos. Alguns considerariam sua aparência como muito comum para o país. Ele era alto, magro e tinha cabelos negros lisos. O mesmo estudava na Nipon Mumei High School na mesma turma em que a Mayu ficava.
Seus três melhores amigos eram Hiroshi Fukushima, Satoru Mion e Itou Yuki. Juntos, os quatro eram conhecidos como os garotos mais mulherengos da escola. Havia boatos que diziam que todos já tinham perdido a virgindade. 
Tadashi estava "jogado" em sua cama na escuridão do seu quarto encarando uma foto em seu celular. Era uma foto de baixa qualidade visual, mas no centro dela era possível ver uma garota. A foto claramente foi tirada espontaneamente sem a garota perceber quando ela estava prestando atenção em outra coisa. O curioso é que essa garota se tratava nada mais da Mayu Yamazaki lendo um livro em sua carteira durante o intervalo de uma aula comum.
Mesmo sendo uma foto de má qualidade, ela bastava para saciar o desejo do Tadashi de vê-la quando sentisse saudade.
A mãe de Tadashi, a senhora Akemi Maeda, passava em frente ao quarto do filho com um cesto de roupas passadas nas mãos. Ela viu a escuridão do quarto e foi intervir. Com um puxão em uma cordinha, ela abriu as persianas da janela fazendo a luz entrar no recinto.

-Tadashi, já disse para não ficar tão perto do celular no escuro, faz mal à sua visão! - disse a Sra. Maeda.

-Tô sabendo. - Tadashi respondeu sem tirar os olhos da tela do aparelho.

Akemi olhou em volta e, com a ajuda da luz que tinha acabado de entrar no quarto, pôde ver melhor toda a imundice daquele quarto. Roupas sujas no chão, cama desarrumada, copos e pratos sujos sobre a mesa do computador, havia de tudo lá.

-Ah, Tadashi! Pelo amor, filho! Você deveria arrumar esse lugar antes que a sujeira fique impregnada no chão e nas paredes!

-Uhum... - grunhiu Tadashi, que definitivamente não estava ouvindo o que sua mãe estava dizendo.

-Tadashi!!!

-Ahn?! O que foi? - se assustou.
-Que droga... Você estava pensando naquela garota de novo, não é?

-Estava...

-Ai, esses adolescentes... Você está afim dela há quanto tempo?

-Tem uns meses.

-Ela sabe disso?

-Claro que não! E nem sei se um dia vai saber. Não sei como contar isso pra ela.
-Oh, pobrezinho, está apaixonado. - debochou Akemi.
-Ah mãe!
-Eu só estou brincando.
-Mãe, do que as mulheres gostam?
-Por quê pergunta?
-É que amanhã é o aniversário dela e eu queria dar algo especial.
-Oh, que fofo. Então se declara pra ela.
-Não sei se posso fazer isso. Tenho vergonha. Ela é meio fechada para o mundo, não tem amigas e que eu saiba, ela nunca ficou com ninguém. Se ela fosse um país seria a Coreia do Norte. Eu sei que eu não deveria ter vergonha porquê eu já fiquei com um monte de garotas, mas aquilo era simplesmente casual, a Mayu é diferente, o negócio com ela é amor mesmo!
-Por quê você não escreve uma carta contando o que você sente? Uma declaração de amor pode ser a melhor coisa que uma mulher pode ganhar. O seu pai se declarou para mim com uma carta.
-Não acha que é meio clichê?
-Tá bom, você que sabe. Mas lembre-se que são os seus sentimentos. Além disso, se você disse que essa garota não tem ninguém então acha que ela vai ligar se for clichê? Olha filho, o seu pai se declarou para mim no último ano da escola, no terceiro ano, mas ele era apaixonado por mim desde dois anos antes, no primeiro ano, mas nunca teve coragem de me dizer o que sentia. Só teve coragem, como eu disse, com uma carta.
-O que quer dizer?
-Quero dizer que, por o seu pai ser um cagão na época, nós perdemos dois anos. Eu estava até disposta a aceitá-lo no primeiro ano. Sabe quantas coisas nós poderíamos ter feito juntos nesse tempo? Filho, você é jovem, ainda está na escola, tem dois anos para aproveitar antes de dar rumo a sua vida adulta, então aproveite. Diga logo o que você sente enquanto há tempo, pois antes que você perceba, ele já terá ido e você vai se arrepender das coisas que não fez. Mas como eu disse, é você que sabe.
Akemi sai do quarto e deixa seu filho pensando.
Tadashi se levanta num só pulo e vai até a mesa do computador. Ele se senta na cadeira acolchoada de couro preto e, com o braço, empurra todo o lixo acumulado em sua mesa. Ele pega sua mochila da escola e pega um papel e um lápis e começa a escrever a carta.
Quando chegou o dia seguinte, Mayu se levantou na hora como todos os dias. Ela foi até o banheiro, lavou o rosto, vestiu seu uniforme e foi para a cozinha onde sua mãe estava fazendo o café.
-Bom dia, filha! - disse a Sra Yamazaki.
-Bom dia mãe. - disse Mayu.
Mayu se senta na cadeira de sempre e sua mãe coloca o prato do café da manhã na frente dela. No prato havia, em cima dos ovos mexidos, pedaços de bacon formando o numero 17.
-Feliz aniversário! - disse Hinata, sorridente. 
-Obrigada. - disse Mayu, com seu leve sorriso, não tão feliz, como sempre.
-Hoje vamos sair pra comprar um presente pra você.
-Não precisa, é sério.
-Faço questão! Também quero fazer um bolo pra você. Chame suas amigas para jantar aqui em casa, podem até dormir aqui se quiserem.
-Sabe que eu não tenho amigas.
Hinata leva as mãos à cintura.
-Ninguém está sozinho Mayu. Todos tem alguém. Você deve ter pelo menos alguém pra trazer aqui. Não me diga que nunca conversou com ninguém a sua vida toda?
-Claro que eu já conversei. Mas não é o tipo de conversa que eu gosto de ter.
-Do que está falando?
-Não quero dizer.
Mayu se levanta e pega sua bolsa que estava em cima do sofá da sala.
-Obrigada pela comida mas estou sem fome. - disse ela.
O dia estava nublado. Quando Mayu chega na escola, no horário de sempre, ela se depara com a Haruka que estava com um presente em suas mãos. Uma caixa de tamanho médio envolvida num papel de presente vermelho fechado com um laço verde.
-Oi Mayu, fiquei sabendo que hoje é o seu aniversário então eu te comprei uma coisinha para fazermos as pazes por ontem. - disse Haruka.
-Você quer fazer as pazes comigo? - Mayu perguntou confusa.
-Bem... Só vai depender de você. Abra-o - Haruka entrega a caixa para Mayu - Espero que goste. Comprei pensando em você!
Mayu, com cuidado, desembrulha o presente e abre a caixa. Para a decepção da garota, era outro trote. Dentro da caixa havia uma tiara de orelhas de cachorro, duas luvas em forma de patas de cachorro e uma coleira... De cachorro.
-O que achou? Não combina perfeitamente com você? - disse Haruka, sorridente. - Então, vamos dar uma voltinha? Eu também comprei um cordão para a coleira!
Haruka pega a tiara e coloca sobre a cabeça da Mayu, coloca as luvas nas mãos da garota e a coleira no pescoço. Haruka põe o cordão na coleira.
-De quatro fofinha. - disse Haruka.
Mayu ficou imóvel.
-De quatro! Ou eu prometo que só vai piorar daqui pra frente!
Mayu obedece e fica de quatro no chão.
-Boa garota! Agora anda! Vamos passear um pouco.
Haruka levou a Mayu para andar por toda a escola. Haruka estava com um enorme sorrido, amando a situação. Todos os alunos olhavam para a Mayu, cada um com o seu pensamento. Alguns pensavam "que garota ridícula", outros "nossa, que mico", "o que ela pensa que está fazendo?", "vou tirar uma foto, vai virar meme", "que vagabunda!". Mayu estava se sentindo humilhada. Dava para ver sua feição como a de alguém completamente envergonhado. Mayu tentava olhar para o chão e esconder seu rosto.
-Ei! Levanta essa cabeça! Olha pra frente! - disse Haruka - Feliz aniversário sua cadela!
Depois de andar por quase todo o prédio direito da escola, Haruka levou a Mayu de volta para a sala.
-Nosso passeio foi ótimo fofinha. - disse Haruka - Eu até andaria mais com você, mas o sinal já vai bater e se algum professor nos visse assim, poderia dar problema pra "muá".
Tadashi estava conversando com os seus três amigos quando avistou a Mayu de quatro como se fosse um animal.
-Olhem só para aquilo! - disse Tadashi - Porque que a Haruka sempre incomoda a Mayu?! Eu sei que são só brincadeiras, mas isso aí já é demais!
-Eu não tenho problema. - disse Hiroshi - É até engraçado ver ela assim.
-Eu não acho a menor graça. Queria poder fazer algo.
-Então vai. Mas é melhor não se meter. - disse Satoru.
-É, a Haruka é a garota mais popular da escola e ficar contra ela pode queimar seu filme com as outras garotas. - disse Itou.
Satoru era um garoto de altura mediana, tinha cabelos verdes e olhos da mesma cor. Também conhecido como o mais pervertido da classe.
Itou era um garoto mais alto que Satoru, era skinhead, olhos castanhos e muito musculoso para a idade, como se fizesse academia e tomasse anabolizantes.
Tadashi estava com a carta pronta em seu bolso da calça. Ele estava decidido a entregá-la naquele dia, quando uma conversa começou:
-Então caras, vamos ser sinceros com os parceiros e digam: com quem e quando foi a última vez que vocês pegaram uma garota? - perguntou Satoru. - Itou?
-Peguei a Sakuragi da turma vizinha há três dias! - respondeu Itou - E você?
-Boa, boa! Dei um trato na Hitomi do terceiro ano há uma semana! Hiroshi?
-Querem mesmo saber? - perguntou Hiroshi, com seu ego nas alturas.
-Fala logo, caramba!
-Transei com a Naomi Inu do outro segundo ano nesse último fim de semana!
-Cara, você pegou a Naomi peituda?! Mandou bem, cara! Ela é uma das mais disputadas da escola! - disse Satoru.
-Eu sei, eu sei. Eu sou demais. - disse Hiroshi.
-Tadashi?
-Ahn... Eu? - respondeu Tadashi.
-Tem outro Tadashi por aqui?
-Bem... Não me lembro com quem foi... Acho que foi há uns seis meses...
-Cara, você não tá falando sério, né? Seis meses?! Você pegava várias toda hora! Qual é o problema? O pinto caiu de tanto trepar? - disse Satoru.
-Satoru, você sabe que eu só transei uma vez e foi horrível.
-Caras, aconteceu o que mais temíamos. O Tadashi virou gay.
-O quê?! Eu não virei gay!
-Então prove. Você vai ficar com qualquer uma até o próximo fim de semana e vai transar com ela ou então vamos te dar um vibrador no seu próximo aniversário. - disse Hiroshi.
-Tá bom, feito.
-Muito bem, vamos esquecer essas garotas agora pois já pegamos e elas não importam mais, vamos pensar no futuro! Eu estou de olho há um tempo na Yumeko da nossa turma e estou afim de dar um belo trato nela! Você tem alguém em mente, Hiroshi?
-Estava pensando na... Mayu. - respondeu Hiroshi.
-Mayu?! - disse Tadashi.
-Mayu? - disse Satoru - Sério isso?
-Qual o problema?
-O problema é que ela não é do tipo que transa antes do casamento. Ela é uma daquelas meninas virgens estranhas que não falam com ninguém.
-Por isso mesmo que eu quero ela. Cansei de pegar essas fáceis. Quero um desafio! Ninguém nunca pegou a Mayu, mas eu vou e vou tirar a virgindade dela até esse fim de semana. Você está certo, ela é muito santinha, mas depois de uma trepada feroz comigo, ela vai querer dar pra todo mundo, talvez até pra vocês.
-Eu não acho que isso seja uma boa ideia. - disse Tadashi.
-Falou o cara que não pega ninguém há meses. Já estou decidido. Eu acho que vou tentar agora.
Hiroshi deixa os amigos e vai na direção da Mayu, que já havia se livrado da Haruka e estava lendo um livro em sua carteira, livro que ainda não havia sido destruído por "você-sabe-quem".
Tadashi se entristece com isso e põe a mão na carta que havia escrito.
-Talvez não fosse pra ser mesmo...
© DeividPSilva,
книга «Mayu».
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