Sem(ti)
Autodestruição
A criança perdida
A escuridão
O amanhã
Dilacerado
Queria ser
Saudade
O tempo
O quarto
Lua, céu, amar
Viver
Lute por ti
Agradecimentos
O tempo
Pela janela eu vejo a realidade de muitos outros, esses que também acabam olhando nos olhos a realidade de terceiros e nem percebem. E vejo, então, que cada ponto, cada entre linha é uma referência única , que cada esquina é um “pare” diferente, mas que toda curva é um “continue” em frente, e avante, além, é que se vai, mesmo que ainda que não se conheça a direção, e nem saiba se ela é certa ou errada . Aqueles olhos veem tanto quanto eu, mas não sei se enxergam os mesmos sinais que eu enxergo. Não sei se eles se dão conta dessa corrida em que nos metemos e que não tem volta, não tem. De repente, os olhos já nem se cruzam mais, olhares não se conectam. Amigos, desconhecidos, vizinhos, parentes: quem é quem? Não deu tempo de ver, de sentir, de viver, de estar lá . Porque a gente corre, corre e corre… Acaba o combustível, mas seguimos correndo mesmo assim, mesmo sem forças, mesmo machucados tanto de corpo ou de alma. Falta o ar, mas a gente não pode se faltar. E eu sei que falta um pedaço do mundo em nós. Eu vejo isso da janela do meu quarto, mas poderia estar vendo nos olhos de quem passa lá do outro lado da rua, ou daquele senhor sentado na cadeira em frente ao bar bebendo sozinho olhando o céu. Nunca a tempo o suficiente pra tudo, mas a gente insiste em correr, mesmo sabendo que não vai dar tempo de chegar, Nas metáforas da vida em que me explico, eu sou apenas mais um par de olhos a passar.

Franci Paholski
© Franci Paholski,
книга «A luz na Escuridão».
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