A Garota que torturava
A Garota que torturava - parte II
A Garota que foi humilhada
A Garota que era psicopata
A Garota que era psicopata - parte II
O Garoto que amava
O Garoto que amava - parte II
A Garota que foi convidada
O Garoto que lutou
O Garoto que lutou - parte II
O Garoto que lutou - parte III
O Garoto policial
O Garoto policial - parte II
O Garoto que foi interrogado
O Garoto que foi interrogado - parte II
O Garoto que propôs
O Garoto que propôs - parte II
A Garota que se decepcionou
A Garota de cabelos ruivos
A Garota de cabelos ruivos - parte II
A Garota que foi incriminada
A Garota que foi incriminada - parte II
A Garota estranha
A Garota estranha - parte II
A Garota estranha - parte III
A Garota estranha
Hinata avançava apressada pelos corredores do prédio esquerdo da Nipon Mumei. Passos rápidos e firmes.
Sentada num largo banco ao lado da porta da diretoria estava Ayumi Saito. Estava de cabeça baixa como um réu que aguarda seu julgamento.
Quando viu mãe da sua amiga se aproximando, a ruiva tentou cumprimenta-la.

-Ah, olá senhora Yamazak...!

Sem pensar direito, Hinata ignorou a jovem e empurrou a porta da diretoria fazendo ela bater com tudo na parede, produzindo um estrondo incômodo.

-Canalha! Insensível! - gritou apontando para a cara enrugada do diretor.

-Senhora, o que pensa que está fazendo invadindo e berrando desta forma?! Estamos em aula, por favor, tenha modos! - o velho se levanta instantaneamente com a surpresa da invasão. Ele estava até então numa ligação com um representante de outra escola em que eles falavam sobre uma reunião que aconteceria em breve, e acabou metendo o telefone no gancho quanto a mulher furiosa apareceu.

-Cale a boca seu velho desapiedado! - Hinata estava ofegante como se tivesse corrido de sua casa até ali sem parar.

A senhora deu com as mãos com força em cima da mesa de cedro do velho, apoiando seu corpo, e lançou um olhar fixo desejando que o diretor tivesse um AVC ou coisa parecida.

-Eu vim até aqui ontem com o coração na mão o suplicando por ajuda, implorando a você pelo bem da minha única filha e você a expulsa nesse mesmo dia?! Que tipo de monstro você é?!

-Ah, sim... - o velho se senta calmamente em sua poltrona e ajeita os óculos - eu imaginei que a senhora viria para falar sobre o assunto. Só não achei que chegaria desta forma. Sente-se por favor.

Hinata espumava de raiva mas aceitou o convite para se sentar.

-O que, por acaso, a sua filha lhe disse sobre o assunto? - questionou calmamente.

-Chorando, minha pobre filha disse que vocês a expulsaram sem motivo!

-Sem motivo, foi o que ela disse?

-Não exatamente. - Hinata tentou ficar mais calma - Ela disse que o senhor estava suspeitando que ela atacou uma das colegas de classe com um canivete. A Mayu disse que armaram para ela. A minha filha me jurou de pé junto que nunca fez isso e eu me recuso a acreditar que ela possa estar mentindo!

-Realmente, se a sua filha tentou ou não cometer uma atrocidade, eu não tenho como saber. A garota também jurou de pé junto que foi atacada então não há como saber quem está mentindo.

-Eu exijo falar com essa garota!

-Impossível. Estou tentando acobertar ao máximo o que aconteceu ontem. Além do mais a senhorita Sakura Hashimoto não compareceu a escola hoje.

-Canalha, o que você fez com a Mayu foi injusto! Apenas suspeitando da minha filha você se livrou dela?!

-Decidi expulsa-la porquê há maior chance dela está mentindo! A senhora mesma trouxe indícios de que ela tem problemas psicológicos!

-Eu já ia chegar nisso. Como você pôde dizer para a minha filha o que eu tentei esconder ao máximo dela? Agora a cabeça dela está uma bagunça tentando entender como o psicólogo acha que ela é esse tipo desprezível de pessoa! Ontem a noite a Mayu me encheu de perguntas, questionando o porquê de eu nunca ter dito isso a ela! Muito provavelmente a minha filha está brava ou magoada comigo porquê eu escondi isso dela... Eu só mantive segredo pensando em protegê-la... - os olhos da Hinata se encheram de água - A Mayu... Minha pobre filha está passando pela pior fase da vida dela, e em vez dessa escola que deveria ser uma instituição neutra, piedosa, competente e prestativa estar a ajudando a superar tudo de horrível que está acontecendo, vocês simplesmente a mandam embora como se ela não fosse nada...?!

-Entenda senhora Yamazaki, nos últimos anos o número de alunos matriculados na Nipon Mumei caiu assustadoramente. E sem alunos, sem verba do governo. Sem verba essa escola vai carecer de reformas e pouco a pouco os funcionários deixarão de receber seus salários. E depois de uma fase terrível essa escola poderá falir e muitos ficarão desempregados, entres esses, funcionários e professores. Senhora, eu tenho um amor enorme por essa escola. Foi aqui onde eu me formei e lecionei por mais de trinta anos. Você mesma deve saber já que fui seu professor. Essa escola é a minha casa. Eu faria de tudo por ela e me recuso vê-la acabar justo quando sou eu o diretor!

-Então o senhor não se importa em sacrificar o futuro de uma jovem inocente se a integridade dessa escola for mantida?!

-Vou deixar bem claro. É exatamente isso o que a senhora disso. - o velho lançou um olhar indiferente para a senhora Yamazaki.

Hinata fechou os olhos e os apertou. Seus dentes rangiam e ela sentia uma vontade enorme de gritar o mais alto possivel, mas a mulher furiosa respirou devagar e se acalmou.

-Veja bem, diretor. - ela tornou a abrir os olhos serenamente. Estava vermelha de raiva mas tentou permanecer calma - Eu estudei nessa escola há 25 anos atrás. Até hoje eu me lembro dos bons momentos, dos festivais, dos bailes e foi aqui onde eu comecei a namorar meu marido. Tenho muitas lembranças felizes daqui, mas depois dessa nossa conversa eu realmente estou pouco me fodendo pra esse lugar. Por mim eu, com prazer, mandaria minha filha para uma escola diferente. Uma escola melhor! Mas eu exijo que ela volte porquê não é nada bom para garota ter uma expulsão constada na sua ficha permanente. Sem falar que isso pode pesar muito quando ela tentar entrar numa faculdade. Por isso eu peço, não, eu ordeno que essa expulsão seja anulada e que ela volte para a sua devida turma!

-Senhora Yamazaki, sem querer ser grosso mas que autoridade você tem para me dar ordens?

-Realmente, não tenho nenhuma autoridade, mas...-

-Mayu Yamazaki está expusa. - a interrompeu - e ponto final. - disse com firmeza.

-Bem... É um porre mesmo. - Hinata alisou seu cabelo despreocupadamente. - Muito bem, acho que conversar não deu muito certo, então está na hora do plano B. Você mesmo disse que não sabe se a Mayu cometeu ou não uma atrocidade, portanto a expulsou sem razão. Você não pode expulsa-la sem motivo pois assim estará negando o direito à educação que ela tem! Se você não recolocá-la na turma eu irei processá-los por abster os direitos da minha filha!

Kojima se levanto e deu com as mãos na mesa.

-Está blefando!

-Quer experimentar? - Hinata esboçou um sorriso maléfico.

-Já lhe disse que essa escola está a beira da falência! Não podemos ser processados!

-Então me parece que Mayu Yamazaki vai voltar a estudar aqui, não é verdade?

O velho fica imóvel.

-Diretor Kojima?

-Sim... Sim, ela vai voltar...

-Eh...? Mas eu pensei que ela estava expulsa... - Hinata tentou ser irônica.

-Irei anular...a expulsão...

-Ótimo. Quando ela pode voltar?

-Estou muito ocupado planejando reuniões e com outros assuntos, então somente depois de amanhã.

-Tudo bem. Obrigada pelo seu tempo.

Hinata se levantou e caminhou até a porta. Kojima se sentou e pôs-se a pensar.

-Droga...

A Sra Yamazaki deixou a diretoria e precebeu a Ayumi sentada num banco do lado de fora.

-Oh, Ayumi... Desculpe por antes querida, eu estava um pouco exaltada.

-Não tem problema, Sra Yamazaki! - disse a ruiva sempre sorridente.

-Bem, acho que eu já vou pra casa para me acalmar mais. Tchau querida, tente aparecer mais lá em casa.

-Sim senhora!

Hinata vai embora.

Ayumi ouviu cada palavra da conversa. Como todos na escola (Exceto os professores e alguns líderes de turma) ela desconhecia a expulsão da Mayu. Por um momento ela se assustou mas respirou aliviada quando a expulsão foi revogada. Ela permaneceu pensativa até que ouviu uma voz a chamar:

-Saito! - era o diretor.

-Sim, Senhor Kojima? - disse a ruiva, entrando e se sentando.

-Estou muito ocupado e estressado então serei breve.

Kojima tira da gaveta um desenho um tanto quanto intrigante. Se tratava de um desenho muito bem detalhado de uma árvore viva cortando o pênis de um lenhador com um machado, que ao invés de ter um cabo de madeira, possuía um braço humano segurando a lâmina. O rosto do lenhador era desesperador e muito sangue saía de sua genitália.

-Conversaremos sobre esse desenho que a senhorita fez para aula de arte.

-O que tem de mais?

-Saito, você tem noção do que desenhou?

Ayumi cruzou os braços e franziu as sobrancelhas.

-Essa obra de arte feita por mim não é nada mais do que uma crítica social contra o desmatamento excessivo. Os homens abusados cortam desenfreadamente o pau das árvores, que podem um dia se revoltar e cortar o pau dos homens. É apenas uma doce visão do futuro.

-Saito, você pode fazer críticas sociais o quanto quiser mas não pode desenhar esse tipo de coisa na escola! Por isso vai ser punida. Vai ficar depois da aula. Três dias de detenção.

-Ah, que saco...

-O que disse?!

-Nada, senhor.
© Deivid Silva,
книга «Mayu».
A Garota estranha - parte II
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