A Garota que torturava
A Garota que torturava - parte II
A Garota que foi humilhada
A Garota que era psicopata
A Garota que era psicopata - parte II
O Garoto que amava
O Garoto que amava - parte II
A Garota que foi convidada
O Garoto que lutou
O Garoto que lutou - parte II
O Garoto que lutou - parte III
O Garoto policial
O Garoto policial - parte II
O Garoto que foi interrogado
O Garoto que foi interrogado - parte II
O Garoto que propôs
O Garoto que propôs - parte II
A Garota que se decepcionou
A Garota de cabelos ruivos
A Garota de cabelos ruivos - parte II
A Garota que foi incriminada
A Garota que foi incriminada - parte II
A Garota estranha
A Garota estranha - parte II
A Garota estranha - parte III
O Garoto que propôs
"Força... Devo ter força...! Não posso fingir que isso nunca aconteceu... Foi um momento difícil em minha vida, mas já passou... Não posso mais fugir da realidade, devo ter força para levantar desta cama e encarar o mundo lá fora...". Foi o que a Mayu pensou logo depois de ser acordada pelo seu despertador. Disposta, ela se levantou e abriu as persianas da janela, deixando a luz entrar. Mayu cerrou os olhos e alongou seu corpo. Ela nunca se alongava em casa, por isso ouviu alguns estalos vindos de suas articulações. Ela foi até o banheiro e escovou seus dentes, depois voltou para o quarto, pôs seu uniforme e penteou seus cabelos.
Após se arrumar, Mayu foi para a cozinha com sua bolsa escolar em seu ombro direito.

-Bom dia. - disse ela calmamente para a Sra Yamazaki que chacoalhava as panelas no fogão.

Hinata deixou as panelas e apoiou seus braços no balcão de mármore que ficava entre a cozinha e a sala de jantar, onde sua filha estava.

-Bom dia filha. Vejo que decidiu ir para a escola hoje. - proferiu com um leve sorriso.

-Não seria bom pra mim ficar naquele quarto escuro perdendo aulas. Acho que me distrair um pouco vai ser melhor para a minha superação.

-Fico feliz que pensa assim. Está com fome? Eu fiz misoshiro e um pouco de chá verde.

-Só quero isso. - ela pega uma maçã no cesto de frutas em cima da mesa de jantar.

-Tem certeza? Você pode ficar com fome durante a aula.

-Eu tenho dinheiro. Se eu tiver fome eu vou numa das máquinas automáticas que tem pela escola.

-Hmm... Você que sabe então.

A senhorita Yamazaki deu a primeira mordida na maçã e caminhou até a porta.

-Até depois. - despediu-se.

-Te vejo depois. Se cuida filha.

Mayu caminhou sem pressa até a escola saboreando a maçã e jogando o miolo na primeira lixeira que encontrou. Ela chegou na escola normalmente e subiu até o piso onde estudava.
A senhorita Yamazaki passou pela porta da sala de aula e foi recebida com alguns olhares de surpresa e outros de pena. Todos que conversavam até então, ficaram em silêncio quando a viram. Satoru e Itou se espantaram ao vê-la.
Mayu, sem ter feito contato visual com ninguém, sentou-se calmamente na cadeira e pôs seus cadernos debaixo da mesa. Ela pega um livro da bolsa - intitulado "Black Cat" - e põe-se a ler, ignorando os cochichos dos seus colegas que cortaram o silêncio que fizeram quando ela apareceu.
Todos correram para os seus lugares quando a professora de matemática entrou. A professora - senhorita Momokino - viu a Mayu e se agachou em frente a carteira dela.

-Oi Mayu. Como você está? - perguntou a sensei, cuja maquiagem era perceptível de longe.

-Olá, sensei. Estou bem, obrigada. - respondeu Mayu.

-Que bom. Se precisar de algo pode me chamar.

-Obrigada Momokino-sensei.

No intervalo, Mayu não pôde ignorar sua barriga roncando e foi até uma das máquinas automáticas que ficava no corredor das salas do segundo ano. Ela enfiou algumas moedas na máquina e tirou um pacote de salgadinhos. Mayu se virou para voltar para a sala, mas se assustou pois Hiroshi estava bem na frente dela.

-H-Hiroshi?! - ela quase deixou o salgadinho cair.

-Oi. Você está bem? - Hiroshi forçou um sorriso envergonhado.

-E-Eu...? Eu estou sim...

-É que você esteve meio estranha na aula hoje. Tá, eu sei que você passou por um perrengue, mas-

-N-Não é nada...! - Mayu o interrompeu com um sorriso envergonhado e com o rosto corado. Ela suspira e se acalma - Bom... Acho que eu não enganei ninguém né?

-Enganou...?

-É que eu cansei de entrar pela porta daquela sala, triste. Eu não queria chegar hoje com cara de coitadinha, então eu forcei expressões sérias pra parecer que eu estava lidando bem com o que aconteceu. Tentei parecer confiante e que estava levando tudo numa boa, mas na verdade eu estou destruída por dentro...

-Você quis parecer forte... Entendo. Mayu, eu sei que você está muito abalada, foi um fim de semana tenso pra muitos, mas você estaria disposta a sair comigo hoje a noite? Só pra gente comer e conversar.

-S-Sério...? - Mayu corou mais ainda.

-Se estiver bem pra você.

-Essa manhã eu estive procurando motivos para me distrair e esquecer o assunto da semana passada, então sim, eu aceito sair com você.

-Obrigado. 7 e meia está bom pra você?

-Claro!

-Ótimo. Eu passo na sua casa pra te buscar.

-Tudo bem!

Hiroshi sorri e se vira, caminhando em direção a sala de aula. Mayu continuou parada em frente a maquina automática, com um sorriso bobinho.
Hiroshi, quando entra na sala, encontra Satoru.

-Eu estava passando por perto e sem querer acabei ouvindo você convidando a Mayu pra sair. - disse Satoru, que não esboçava um sorriso há dias.

-Relaxa. - Hiroshi desfez o sorriso que havia forçado.

-Vocês estão namorando?

-Nós? É claro que não. Eu sei que ela gosta de mim, eu só vou por pena.

-Você não pretende transar com ela, pretende?

-Pra falar a verdade eu não acredito que isso possa acontecer devido as atuais circunstâncias. Eu só vou buscar ela, comer algo e levar ela pra casa. Só isso. Não vou provocar nem criar um clima pra levar ela pra cama. Pelo menos não por enquanto. Mas se por acaso for ela quem criar um clima e parecer que quer, eu vou e vou com tudo. Ela deixaria eu transar com ela, afinal ela me ama. Mas como eu disse... Se ela criar um clima eu chamo ela pra transar.

-E depois?

-Depois nada. Só vou comer ela e pronto. Não quero saber de nada mais, vou partir pra outras. Por falar nisso, o terceiro ano vai dar uma festa nesse fim de semana. Eu nunca peguei ninguém do terceiro ano, mas dessa vez eu pretendo. Chama o Itou pra gente ir.

-Foi mal cara, não estou no clima.

-Ué, porquê?

-Nada...

-O que aconteceu com você e o Itou? Desde que o Tadashi morreu vocês ficam com essa cara, ficam tristes pelos cantos...

Satoru suspira.

-Eu sei que o Tadashi era nosso amigo. Eu também fiquei triste quando ele morreu, mas vocês não precisam entrar em depressão por isso.

-Desculpe, mas realmente não estamos afim.

Durante o resto do dia Mayu ficou olhando para o relógio acima do quadro negro, contando os segundos que faltavam para o encontro. Ela olhava para os ponteiros com casa de boba, a boca semi-aberta com um sorriso, e as bochechas coradas. Ela até foi repreendida pelo professor de história por não estar prestando atenção na aula.

Depois que o último sinal tocou, Mayu foi correndo para casa e quando chegou lá, largou sua bolsa na cama e foi direto para o banho. Sua mãe ainda estava no trabalho.
Mayu nunca havia tomado um banho tão bem "tomado" assim na vida. Ela se certificou de limpar cada parte do corpo dela.
Após se banhar ela se enrolou na macia toalha branca e foi para o quarto e fechou a porta. Mayu colocou suas roupas de baixo, ambas brancas, mas não conseguiu decidir qual roupa usar. Perfume não era problema. Mayu só tinha um, mas não era preciso, pois o aroma natural da sua pele desbancava qualquer perfume francês.
Mayu revirou todo o seu guarda roupa procurando algo apropriado para vestir mas ainda não conseguiu se decidir. Ela jogou todas as roupas que tinha em cima da cama e ficou-as olhando.
Sem conseguir se decidir, ela começou a falar consigo mesma:

-Será que ele vai gostar mais se eu usar azul ou vermelho? Eu gosto tanto de azul, mas e se ele me achar melhor de vermelho? Eu não tenho experiência com salto alto então vou ter que usar uma sapatilha. Meia calça? Não... Talvez seja melhor que eu use uma saia... Ai... Estou ficando ansiosa... Mas não posso ficar assim! Vou ter que ficar calma, assim terei melhores chances ao declarar meu amor para o Hiroshi! Não vou deixar essa oportunidade passar! Vou me declarar! Mas... Ele que deveria se declarar pra mim porquê ele que é o homem e seria mais romântico... Não! Não posso pensar assim! Ele pode muito bem não estar gostando de mim ainda... Mas se ele não gosta de mim, por que me chamaria pra sair? Ai... O que vou fazer? Estou tão nervosa que não consigo nem pensar! Não posso ficar nervosa durante o encontro senão vou acabar suando frio, aí vou ficar fedendo e ele não vai querer chegar perto de mim! Tenho que pensar direito no que vou fazer.

Enquanto Mayu pensava em voz alta, Hinata voltou do trabalho e encontrou a porta do quarto da filha fechada. Ela bateu na porta e chamou.

-Mayu?

Hinata abriu a porta e encontrou a filha seminua.

-Mayu, eu... Que bagunça é essa?

-Mãe?! Não entre sem permissão, eu podia estar totalmente pelada! - Mayu pegou a toalha e enrolou-a no corpo.

-Ah Mayu, me poupe filha. Era eu quem limpava essa sua bundinha, sabia? E foi dureza. Enquanto crianças da sua idade estavam aprendendo a escrever você mal tinha dominado o peniquinho.

-Precisa mesmo comentar isso?

-Não. Mas por outro lado eu me divirto com a sua cara de vergonha. Agora, quer me explicar o que todo o seu guarda-roupa faz em cima da cama?

-Estou vendo qual roupa fica melhor em mim.

-E porquê? Você vai sair?

-S-Sim... Vou.

-Sozinha?

-N-Não... Vou com um amigo... - Mayu corou, por isso virou as costas para a mãe.

Hinata deu um enorme sorriso e abraçou sua filha por trás.

-Sério?! Minha filhinha arranjou um namoradinho?!

-N-Não somos namorados... Só vamos sair...

-Mas se vão sair sozinhos é porquê rola um clima entre vocês, não é? Você gosta dele?

-Eu... Eu acho que sim...

-Acha, é? Mentira! - Hinata larga a Mayu e ergue os braços por um segundo - Olha só pra você. Você nunca foi vaidosa e agora está preocupada que roupa vai ser melhor. Sua fala está estremecida, seu rosto está corado e seus olhos brilham... Filha... Você está apaixonada!

-Acho que estou...

Hinata pega na mão da filha.

-Mayu, eu sempre sonhei com o dia em que eu te veria apaixonada... Agora pouco você era meu bebê, e num piscar de olhos você cresceu e agora está amando! Logo logo estará construindo sua família! O tempo realmente passa rápido... A sua mãe está ficando velha...

-Mãe... Eu só vou num encontro, não precisa chorar.

-Desculpe. É que te ver feliz assim me enche de alegria, me faz lembrar de quando você era pequena. Minha Mayuzinha cresceu muito rápido... Me espere aqui, eu tenho uma coisa pra você.
© Deivid Silva,
книга «Mayu».
O Garoto que propôs - parte II
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