A Garota que era psicopata
Mayu tirou todo o seu uniforme, inclusive sua roupa íntima, e colocou dentro do sexto de roupa suja que ficava no canto do seu quarto ao lado de um guarda-roupa branco com duas grandes portas de correr, uma delas tendo um espelho que cobria-a completamente. Uma vez por semana Hinata esvaziava o sexto para levar a roupa suja para a lavanderia. Mayu não se incomodava ao dormir perto de roupa usada, pois elas, mesmo depois de um logo dia, permaneciam limpas e cheirosas assim como quem as vestia, exceto quando a Haruka e suas amiga faziam algo com a Mayu que envolvesse sujeira. Nesse caso, a Mayu levava suas roupas diretamente para a lavanderia de sua casa.
Mayu se envolveu em uma macia toalha amarela e caminhou descalça até o banheiro que ficava ao lado do seu quarto. Hinata, que já havia tomado seu banho, estava no seu próprio quarto colocando uma boa roupa.
Yamazaki entra no banheiro e fecha a porta. Ela pendura a toalha no gancho e se senta nua no banquinho de banho.
As vezes a jovem passava algum tempo ohando seu corpo nu no espelho do banheiro. Ela ficava procurando algum defeito em seu corpo, que definitivamente era como o de um anjo, mas Mayu não gostava muito dele pois ela se achava feia. Ela achava que ninguém gostava dela porque era feia, o que não era verdade.
Yamazaki liga a ducha e começa a lavar delicadamente seu corpo. A hora do banho era a hora preferida dela para chorar, pois lá ninguém poderia ouvir seu pranto, e suas lágrimas se misturavam com a água que caía do chuveiro.
Após se banhar e se secar, Mayu volta para o seu quarto e põe uma roupa, que ela julgava apropriada. Um vestido azul royal que ela tinha, que era justo na cintura e ia até os joelhos. Mayu gostava de vestidos, e de azul.
-Vamos filha. - disse Hinata quando as duas já estavam prontas.
As duas entraram no carro da Hinata que era um Suzuki Wagon R de cor verde limão.
Elas seguiram para o centro de Tóquio, onde ficava o consultório que era localizado em frente a uma grande praça.
Quando as duas chegaram no destino, elas entraram no consultório, que era bem gelado por conta do ar condicionado, e se sentaram na sala de espera pois havia outra pessoa sendo atendida.
A sala de espera era um luxo. Lá havia uma TV de 50 polegadas, pisos de porcelana, quadros pintados a mão em todos os lugares e a própria secretária, que era uma mulher com uma aparência muito comum para os japoneses, tinha cabelos presos e óculos quadrados. Ela estava atrás de um lindo balcão de cedro mandando torpedos pelo celular.
Quando o paciente que estava dentro do consultório finalmente saiu, a secretária se levantou e chamou:
-Mayu Yamazaki!
-Somos nós! Vamos filha. - disse Hinata.
Mãe e filha adentraram o consultório e fecharam a elegante porta branca. Em sua mesa, o psicólogo nos aguardava. O interior do consultório também era de encher os olhos. Paredes brancas enfeitadas com mais quadros pintados a mão, prateleiras com esculturas de vidro e fotos, e atrás da mesa do doutor, na parede, haviam diplomas que revelavam que ele não era só psicologo, mas também terapeuta. Dentro do consultório haviam dois lugares para o paciente escolher por achar mais confortável. De um lado da sala haviam dois sofás comuns com várias almofadas e do outro um recamier e uma poltrona.
O psicólogo se levantou e apertou a mão das duas antes dos três se acomodarem.
O psicólogo era um homem de meia idade. Tinha mais ou menos a altura da Hinata, algumas rugas na testa, e alguns fios brancos em meio aos cabelos negros, sem contar a barba por fazer. Ele era um homem boa pinta e inspirava confiança.
-Boa tarde, sou o Dr. Alejandro Tales. - disse ele - Mayu Yamazaki... Vamos ver... - ele olhou para Hinata - Você é a irmã dela?
-Ah... Não, sou a mãe... - Hinata respondeu lisonjeada.
-Muito bem senhora Yamazaki, o que pode me dizer sobre sua filha?
-Não muito... Tem vezes em que ela chega em casa triste, outros que eu a pego chorando, mas ela nunca... Nunca me diz o motivo...
-Isso é ruim... Não pode fazer isso Mayu, é ruim para a sua saúde mental. Bom, se ela não quer contar para a senhora, vamos ver se consigo tirar alguma coisa dela. Vamos conversar Mayu?
-P-Pode ser... - disse ela.
-Perfeito. Senhora Yamazaki, eu não queria ter que te expulsar daqui mas eu acho que a sua filha se sentiria mais confortável se a senhora esperasse lá fora.
-Você quer isso, Mayu? - perguntou Hinata.
-Por favor. - respondeu Mayu.
-Bom... Tudo bem então.
Depois que sua mãe saiu, Mayu se deitou no recamier, que não era nada mais do que aqueles sofás estranhos que existem em todos os consultórios psicológicos.
Mayu se acomodou no recamier de cor vermelho vinho e o psicólogo se sentou numa poltrona de couro preto bem ao lado dela.
-Acho que já podemos começar. -disse o Dr Tales - Sua mãe disse que você sempre está triste e nunca diz o porquê, você quer me contar?
Mayu ficou pensando por alguns segundos e não respondeu nada.
-Pode responder Mayu. Não estou aqui para julgar nem para criticar. Só quero te ajudar mas pra isso preciso saber um pouco da sua vida.
-Tudo bem... Por onde eu começo?
-Por onde desejar.
-Ok... Desde a minha infância eu nunca tive nenhum amigo de verdade... Sempre fui a mais sozinha... A mais excluída... Eu via minhas coleguinhas brincando de amarelinha, de kendama, de boneca... Eu nunca era chamada pra brincar e tinha vergonha de pedir pra entrar no grupinho... E isso tudo continua até hoje...
-Então sua tristeza é fruto da sua solidão. Teria mais algum motivo?
-Tem sim... Eu estudo com um trio de garotas desde... Acho que desde sempre. E desde sempre elas me maltratam, me obrigam a fazer coisas pra elas e me humilham. Elas não me deixam ser feliz! Sempre que eu estou sorrindo por alguma coisa elas dão um jeito de me deixar triste de novo...
-E teria algum motivo para elas agirem desta forma?
-Eu não sei... Tudo o que elas fazem é grátis. Eu nunca fiz nenhum mal para elas. As vezes eu tenho vontade de me vingar, de fazê-las provar do próprio remédio, mas nunca pude fazer nada a não ser chorar.
-E namorado, você tem ou já teve?
-Não... Nunca...
-E não sente vontade de ter?
-Claro que tenho...
-Existe alguém especial que você julga ideal para ser seu pretendente?
-Um na verdade. Ele estuda comigo. O nome de é Hiroshi. Hiroshi Fukushima. Sou apaixonada por ele há anos.
-Você já se declarou pra ele?
-Claro que não. Não tive coragem nem de conversar com minhas colegas, imagina me declarar pra um garoto!
Hiroshi era outro garoto que estudava com a Mayu há anos. Ele é alto, tem cabelos castanhos cor-de-mel e olhos castanhos escuros. Alguns o julgavam como o garoto mais bonito da turma, outros como um mulherengo pervertido. Mayu suspirava de amores por ele, mas o que ela não sabia era que outra pessoa também estava de olho no rapaz.
O psicólogo dá uma olhada nos papéis que estavam em sua mão e diz:
-Vejo aqui que amanhã é o seu aniversário de 17 anos.
-É sim.
-O que você espera desse dia?
-Nada de mais. Vai ser um dia como qualquer outro. Meus aniversários nos últimos anos tem sido basicamente do mesmo jeito. Eu chego em casa depois de um dia horrível, minha mãe me dá um presente e faz um bolinho simples pra comemorar. Além disso... Eu sempre nesse dia leio a carta que meu pai me enviou.
-De que se trata essa carta?
-É uma carta dele me desejando feliz aniversário. Recebi-a quando fiz 6 anos. Meu pai era cientista num laboratório de desenvolvimento de armas químicas do exército. Ele teve que viajar alguns dias antes do meu aniversário. Ele insistiu pra não ir naquela viagem mas não teve jeito. No dia do meu aniversário ele escreveu uma linda carta pra mim. Alguns dias depois na viajem de volta, o avião onde ele estava caiu no mar e todos morreram. Desde então no dia do meu aniversário eu leio aquela carta, e sempre choro com ela. Meu pai era muito compreensivo e me apoiava em tudo. As vezes penso se tudo seria diferente se ele estivesse vivo... Se o destino não o tivesse tirado de mim. Acho que o destino me odeia e ele está planejando algo horrível para mim.
-Ah, Mayu, não existe destino. O seu futuro é apenas consequência das escolhas que você fez no passado. Nada está definido, e só cabe a você escrever sua própria história.
-Sabe como eu gostaria de escrever a minha história? Primeiro apagaria a existência daquelas três idiotas, sei lá... Fazendo com que os pais delas não se conhecessem! Eu gostaria que elas sumissem da face da Terra.
-Eu sei que você está com raiva, mas ignorância não é resolvida com ignorância.
-Quem sabe...
-Bom Mayu, acho que eu já tenho o que preciso. Agora eu preciso te fazer uma pergunta. Você quer que eu conte tudo o que você disse para a sua mãe?
-Não! Por favor, não fale nada disso para ela!
-Tudo bem, tudo bem. Serei discreto.
Dr Tales vai até sua mesa e pega o telefone.
-Sawako, peça para a senhora Yamazaki entrar por favor.
Ele coloca o telefone de volta no gancho e Hinata entra na sala.
-Mayu eu gostaria de conversar com a sua mãe a sós um minutinho, pode aguardar lá fora?
-Tudo bem.
Mayu deixa a sala e Hinata se senta.
-E então doutor, o que a minha filha disse? - perguntou Hinata aflita.
-Infelizmente não posso contar. - disse o Dr Tales.
-M-Mas porquê não?!
-A sua filha me proibiu.
-O quê?! É brincadeira?! Eu sou a mãe dela e tenho o direito de saber o que está acontecendo com ela!
-Não, não tem. Senhora Yamazaki, voce conhece o código de ética dos psicólogos?
-Não.
-Então deixe-me lhe explicar. "Art. 9º – É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional."
-Eu não estou entendendo!
-Eu tenho a obrigação de guardar os segredos dos meus pacientes a qualquer custo, não importa se o segredo foi simples ou criminoso.
-Como assim?
-Vou dar um exemplo. Se alguém vir aqui e me contar que cometeu um crime, eu tenho a obrigação de guardar esse segredo e nenhum juiz, advogado ou policial tem o direito de me fazer revelá-lo.
-Eu entendo. Mas será que você não pode fazer uma excessão para mim?
-Uma excessão só pode ser feita se a minha revelação tiver um impacto positivo no futuro. Por exemplo, se alguém vir até mim e me contar que vai matar alguém, nesse caso eu posso intervir para evitar que um mal seja feito.
-E pra mim, você pode fazer uma excessão?
-Definitivamente não.
-Por favor! Eu imploro!
Mayu se envolveu em uma macia toalha amarela e caminhou descalça até o banheiro que ficava ao lado do seu quarto. Hinata, que já havia tomado seu banho, estava no seu próprio quarto colocando uma boa roupa.
Yamazaki entra no banheiro e fecha a porta. Ela pendura a toalha no gancho e se senta nua no banquinho de banho.
As vezes a jovem passava algum tempo ohando seu corpo nu no espelho do banheiro. Ela ficava procurando algum defeito em seu corpo, que definitivamente era como o de um anjo, mas Mayu não gostava muito dele pois ela se achava feia. Ela achava que ninguém gostava dela porque era feia, o que não era verdade.
Yamazaki liga a ducha e começa a lavar delicadamente seu corpo. A hora do banho era a hora preferida dela para chorar, pois lá ninguém poderia ouvir seu pranto, e suas lágrimas se misturavam com a água que caía do chuveiro.
Após se banhar e se secar, Mayu volta para o seu quarto e põe uma roupa, que ela julgava apropriada. Um vestido azul royal que ela tinha, que era justo na cintura e ia até os joelhos. Mayu gostava de vestidos, e de azul.
-Vamos filha. - disse Hinata quando as duas já estavam prontas.
As duas entraram no carro da Hinata que era um Suzuki Wagon R de cor verde limão.
Elas seguiram para o centro de Tóquio, onde ficava o consultório que era localizado em frente a uma grande praça.
Quando as duas chegaram no destino, elas entraram no consultório, que era bem gelado por conta do ar condicionado, e se sentaram na sala de espera pois havia outra pessoa sendo atendida.
A sala de espera era um luxo. Lá havia uma TV de 50 polegadas, pisos de porcelana, quadros pintados a mão em todos os lugares e a própria secretária, que era uma mulher com uma aparência muito comum para os japoneses, tinha cabelos presos e óculos quadrados. Ela estava atrás de um lindo balcão de cedro mandando torpedos pelo celular.
Quando o paciente que estava dentro do consultório finalmente saiu, a secretária se levantou e chamou:
-Mayu Yamazaki!
-Somos nós! Vamos filha. - disse Hinata.
Mãe e filha adentraram o consultório e fecharam a elegante porta branca. Em sua mesa, o psicólogo nos aguardava. O interior do consultório também era de encher os olhos. Paredes brancas enfeitadas com mais quadros pintados a mão, prateleiras com esculturas de vidro e fotos, e atrás da mesa do doutor, na parede, haviam diplomas que revelavam que ele não era só psicologo, mas também terapeuta. Dentro do consultório haviam dois lugares para o paciente escolher por achar mais confortável. De um lado da sala haviam dois sofás comuns com várias almofadas e do outro um recamier e uma poltrona.
O psicólogo se levantou e apertou a mão das duas antes dos três se acomodarem.
O psicólogo era um homem de meia idade. Tinha mais ou menos a altura da Hinata, algumas rugas na testa, e alguns fios brancos em meio aos cabelos negros, sem contar a barba por fazer. Ele era um homem boa pinta e inspirava confiança.
-Boa tarde, sou o Dr. Alejandro Tales. - disse ele - Mayu Yamazaki... Vamos ver... - ele olhou para Hinata - Você é a irmã dela?
-Ah... Não, sou a mãe... - Hinata respondeu lisonjeada.
-Muito bem senhora Yamazaki, o que pode me dizer sobre sua filha?
-Não muito... Tem vezes em que ela chega em casa triste, outros que eu a pego chorando, mas ela nunca... Nunca me diz o motivo...
-Isso é ruim... Não pode fazer isso Mayu, é ruim para a sua saúde mental. Bom, se ela não quer contar para a senhora, vamos ver se consigo tirar alguma coisa dela. Vamos conversar Mayu?
-P-Pode ser... - disse ela.
-Perfeito. Senhora Yamazaki, eu não queria ter que te expulsar daqui mas eu acho que a sua filha se sentiria mais confortável se a senhora esperasse lá fora.
-Você quer isso, Mayu? - perguntou Hinata.
-Por favor. - respondeu Mayu.
-Bom... Tudo bem então.
Depois que sua mãe saiu, Mayu se deitou no recamier, que não era nada mais do que aqueles sofás estranhos que existem em todos os consultórios psicológicos.
Mayu se acomodou no recamier de cor vermelho vinho e o psicólogo se sentou numa poltrona de couro preto bem ao lado dela.
-Acho que já podemos começar. -disse o Dr Tales - Sua mãe disse que você sempre está triste e nunca diz o porquê, você quer me contar?
Mayu ficou pensando por alguns segundos e não respondeu nada.
-Pode responder Mayu. Não estou aqui para julgar nem para criticar. Só quero te ajudar mas pra isso preciso saber um pouco da sua vida.
-Tudo bem... Por onde eu começo?
-Por onde desejar.
-Ok... Desde a minha infância eu nunca tive nenhum amigo de verdade... Sempre fui a mais sozinha... A mais excluída... Eu via minhas coleguinhas brincando de amarelinha, de kendama, de boneca... Eu nunca era chamada pra brincar e tinha vergonha de pedir pra entrar no grupinho... E isso tudo continua até hoje...
-Então sua tristeza é fruto da sua solidão. Teria mais algum motivo?
-Tem sim... Eu estudo com um trio de garotas desde... Acho que desde sempre. E desde sempre elas me maltratam, me obrigam a fazer coisas pra elas e me humilham. Elas não me deixam ser feliz! Sempre que eu estou sorrindo por alguma coisa elas dão um jeito de me deixar triste de novo...
-E teria algum motivo para elas agirem desta forma?
-Eu não sei... Tudo o que elas fazem é grátis. Eu nunca fiz nenhum mal para elas. As vezes eu tenho vontade de me vingar, de fazê-las provar do próprio remédio, mas nunca pude fazer nada a não ser chorar.
-E namorado, você tem ou já teve?
-Não... Nunca...
-E não sente vontade de ter?
-Claro que tenho...
-Existe alguém especial que você julga ideal para ser seu pretendente?
-Um na verdade. Ele estuda comigo. O nome de é Hiroshi. Hiroshi Fukushima. Sou apaixonada por ele há anos.
-Você já se declarou pra ele?
-Claro que não. Não tive coragem nem de conversar com minhas colegas, imagina me declarar pra um garoto!
Hiroshi era outro garoto que estudava com a Mayu há anos. Ele é alto, tem cabelos castanhos cor-de-mel e olhos castanhos escuros. Alguns o julgavam como o garoto mais bonito da turma, outros como um mulherengo pervertido. Mayu suspirava de amores por ele, mas o que ela não sabia era que outra pessoa também estava de olho no rapaz.
O psicólogo dá uma olhada nos papéis que estavam em sua mão e diz:
-Vejo aqui que amanhã é o seu aniversário de 17 anos.
-É sim.
-O que você espera desse dia?
-Nada de mais. Vai ser um dia como qualquer outro. Meus aniversários nos últimos anos tem sido basicamente do mesmo jeito. Eu chego em casa depois de um dia horrível, minha mãe me dá um presente e faz um bolinho simples pra comemorar. Além disso... Eu sempre nesse dia leio a carta que meu pai me enviou.
-De que se trata essa carta?
-É uma carta dele me desejando feliz aniversário. Recebi-a quando fiz 6 anos. Meu pai era cientista num laboratório de desenvolvimento de armas químicas do exército. Ele teve que viajar alguns dias antes do meu aniversário. Ele insistiu pra não ir naquela viagem mas não teve jeito. No dia do meu aniversário ele escreveu uma linda carta pra mim. Alguns dias depois na viajem de volta, o avião onde ele estava caiu no mar e todos morreram. Desde então no dia do meu aniversário eu leio aquela carta, e sempre choro com ela. Meu pai era muito compreensivo e me apoiava em tudo. As vezes penso se tudo seria diferente se ele estivesse vivo... Se o destino não o tivesse tirado de mim. Acho que o destino me odeia e ele está planejando algo horrível para mim.
-Ah, Mayu, não existe destino. O seu futuro é apenas consequência das escolhas que você fez no passado. Nada está definido, e só cabe a você escrever sua própria história.
-Sabe como eu gostaria de escrever a minha história? Primeiro apagaria a existência daquelas três idiotas, sei lá... Fazendo com que os pais delas não se conhecessem! Eu gostaria que elas sumissem da face da Terra.
-Eu sei que você está com raiva, mas ignorância não é resolvida com ignorância.
-Quem sabe...
-Bom Mayu, acho que eu já tenho o que preciso. Agora eu preciso te fazer uma pergunta. Você quer que eu conte tudo o que você disse para a sua mãe?
-Não! Por favor, não fale nada disso para ela!
-Tudo bem, tudo bem. Serei discreto.
Dr Tales vai até sua mesa e pega o telefone.
-Sawako, peça para a senhora Yamazaki entrar por favor.
Ele coloca o telefone de volta no gancho e Hinata entra na sala.
-Mayu eu gostaria de conversar com a sua mãe a sós um minutinho, pode aguardar lá fora?
-Tudo bem.
Mayu deixa a sala e Hinata se senta.
-E então doutor, o que a minha filha disse? - perguntou Hinata aflita.
-Infelizmente não posso contar. - disse o Dr Tales.
-M-Mas porquê não?!
-A sua filha me proibiu.
-O quê?! É brincadeira?! Eu sou a mãe dela e tenho o direito de saber o que está acontecendo com ela!
-Não, não tem. Senhora Yamazaki, voce conhece o código de ética dos psicólogos?
-Não.
-Então deixe-me lhe explicar. "Art. 9º – É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional."
-Eu não estou entendendo!
-Eu tenho a obrigação de guardar os segredos dos meus pacientes a qualquer custo, não importa se o segredo foi simples ou criminoso.
-Como assim?
-Vou dar um exemplo. Se alguém vir aqui e me contar que cometeu um crime, eu tenho a obrigação de guardar esse segredo e nenhum juiz, advogado ou policial tem o direito de me fazer revelá-lo.
-Eu entendo. Mas será que você não pode fazer uma excessão para mim?
-Uma excessão só pode ser feita se a minha revelação tiver um impacto positivo no futuro. Por exemplo, se alguém vir até mim e me contar que vai matar alguém, nesse caso eu posso intervir para evitar que um mal seja feito.
-E pra mim, você pode fazer uma excessão?
-Definitivamente não.
-Por favor! Eu imploro!
Коментарі