l i b é l u l a s
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Libélulas pairam pelo meu jardim
Pondero que, talvez, seria mais fácil viver como elas
E apenas observar, dos ares, o desenvolver de todas as flores
como críticos diante de telas
ou como meros telespectadores
Contudo, libélula não sou
Sou mais uma flor
Portanto, neste jardim também habito
E acompanho de perto o crescer dos meus amigos
Que tanto sentem, tanto sofrem, no entanto não murcham e tampouco demonstram
E nem todos podem perceber, porque ninguém possui a lente
Capaz de ver o que jaz no interior de suas mentes
Conexões empáticas, difíceis de estabelecer
Pernoitar nas madrugadas, ao lado de você
Sentir sua dor, embora a verdade seja que
Estou do lado de fora e nem tudo posso entender
Há razões, histórias e reações pelas quais as flores são como são agora
Respeitar isto é o mínimo que nos encarregam de fazer
Pensando melhor, por mais que assumir o posto de libélula
me poupe de sofrer e me ofereça uma trégua
De tudo o que vem me acontecido e às vezes até me vencido
Isso me impediria de cuidar de vocês,
flores com quem compartilho este jardim.
Há pessoas demais fechando-se em seus próprios mundos
Enxergando apenas até onde o perímetro de seus vasos alcança
E não quero agir com tal semelhança
Porque possuo um plano melhor:
Oferecer o melhor que há em mim a quem precisa de um melhor para seguir
Crescendo e se desenvolvendo neste contexto que nomeio
De jardim
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2018-08-05 19:05:30
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