DIÁRIO DE MINA HARKER
29 de setembro — Depois de ter me aprontado, fui ao gabinete do Dr. Seward. Parei, por um momento junto da porta, e o ouvi conversando com outra pessoa. Bati na porta e ele me mandou entrar.
Fiquei surpreendida ao encontrá-lo só. Na mesa, em frente dele, havia um aparelho que, pela descrição, vi se tratar de um fonógrafo, coisa que eu nunca vira antes.
— Estava fazendo meu diário — disse-me ele.
— Seu diário?
— Sim. Gravo nesta máquina.
Fiquei entusiasmada e pedi para ouvir alguma coisa. Muito embaraçado, ele murmurou: — Meu diário é quase exclusivamente acerca de meus casos, de modo que...
Para livrá-lo de seu embaraço, sugeri: — O senhor assistiu à morte de Lucy. Ficar-lhe-ei muito grata por tudo que souber a seu respeito. Ela me era muito querida.
Fiquei surpreendida com a reação dele: — Contar-lhe a morte dela? Por coisa alguma do mundo!
— Mas, por que não? — insisti.
Muito sem jeito, ele desculpou-se, dizendo que não conseguiria distinguir uma parte determinada de seu diário.
— Então, será melhor o senhor deixar que eu copie o diário a máquina — propus.
— Não, não! — protestou ele. — De maneira alguma! Não a deixaria ficar sabendo daquele caso horrível!
— O senhor não me conhece — repliquei. — Quando tiver lido meu diário e o do meu marido, que datilografei, há de me conhecer melhor.
Ele se pôs de pé e abriu uma gaveta, onde havia vários cilindros ocos, cobertos com cera escura.
— Tem razão — disse. — Não confiei na senhora porque não a conhecia, mas agora já a conheço. Leve estes cilindros e os escute.
Ele mesmo levou o fonógrafo para minha sala, onde o preparou para mim.
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