DIÁRIO DO DR. SEWARD
19 de agosto — Mudança repentina na conduta de Renfield. Ontem, mais ou menos às oito horas da noite, ficou agitado e começou a farejar, como um cão que encontra as pegadas do dono. O guarda o interrogou e o louco, que se mostra sempre cortês com ele, respondeu-lhe com brutalidade: “Não quero mais conversar com você. Estou esperando o Mestre.” O guarda achava-se convencido de que ele foi atacado por nova forma de mania religiosa. Em tal caso, será conveniente redobrar a vigilância. Não pode haver algo mais perigoso que a mania homicida misturada com a religiosa. Às nove horas, fui vê-lo. Sua atitude diante de mim foi idêntica à que mostrara diante do guarda. Fingi que não estava prestando atenção, mas não tirei os olhos dele. Ele se assentou na cama, com o olhar vago. Para verificar se tal indiferença era simulada ou não, procurei puxar assunto falando a respeito dos bichos, seus prediletos. Ele a principio não respondeu, depois disse, com maus modos: — Não me amole! Me importo tanto com eles como com a primeira camisa que vesti!
— Como? — exclamei, surpreendido. — Já não se interessa pelas aranhas?
Sua resposta foi esquisita:
— As damas de honra causam regozijo aos olhos de quem espera a noiva, mas, quando a noiva aparece, as outras perdem o brilho.
Não quis se explicar mais. Manteve-se em silêncio obstinado, depois. Estou cansado e deprimido, esta noite. Não posso deixar de pensar em Lucy. Se não conseguir dormir, recorrerei ao cloral, o moderno Morfeu... Não. Preciso ter cuidado para não se tornar um hábito.
Mais tarde — Foi bom ter tomado tal resolução. Às duas horas da madrugada, o guarda foi me avisar que Renfield tinha fugido. Vesti-me e sal apressadamente, pois o doente é muito perigoso, para ficar à solta. O guarda me afirmou que, dez minutos antes, vira Renfield em seu leito, dormindo, ao olhar através da abertura de observação da porta. O ruído de uma jaula que se abria alertou-o. Correu justamente a ver o louco desaparecer pela janela, vestido de camisa de dormir. O guarda, que é robusto, não pôde passar pela janela, más eu passei. Como a janela fica poucos pés acima a do solo, não me machuquei com o pulo. Cheguei a tempo de ver um vulto branco escalando o alto muro que separa o terreno do hospício do terreno da casa abandonada.
Voltei imediatamente e dei ordem a guarda de arranjar, imediatamente, três ou quatro homens, para me acompanharem à propriedade de Carfax, para o caso do louco se mostrar perigoso. Arranjei uma escada e pulei para o outro lado. Consegui avistar Renfield justamente quando ele estava sumindo no canto da casa e corri atrás dele. Encontrei-o apertado contra a velha porta de ferro e carvalho da capela. Segundo parecia, estava conversando com alguém, mas não me atrevi a aproximar-me, para que ele não fugisse.
— Aqui estou, para cumprir suas ordens, Mestre — ouvi-o dizer. — Sou seu escravo e servi-lo-ei fielmente. Adoro-o há muito tempo e, agora que está perto, espero suas ordens.
Quando nos acercamos dele, lutou como um tigre. Parece mais uma fera que um ser humano. Nunca tinha visto antes um lunático tão furioso.
Agora, disse palavras compreensíveis, pela primeira vez: — Terei paciência, Mestre. Está chegando... está chegando...
— Como? — exclamei, surpreendido. — Já não se interessa pelas aranhas?
Sua resposta foi esquisita:
— As damas de honra causam regozijo aos olhos de quem espera a noiva, mas, quando a noiva aparece, as outras perdem o brilho.
Não quis se explicar mais. Manteve-se em silêncio obstinado, depois. Estou cansado e deprimido, esta noite. Não posso deixar de pensar em Lucy. Se não conseguir dormir, recorrerei ao cloral, o moderno Morfeu... Não. Preciso ter cuidado para não se tornar um hábito.
Mais tarde — Foi bom ter tomado tal resolução. Às duas horas da madrugada, o guarda foi me avisar que Renfield tinha fugido. Vesti-me e sal apressadamente, pois o doente é muito perigoso, para ficar à solta. O guarda me afirmou que, dez minutos antes, vira Renfield em seu leito, dormindo, ao olhar através da abertura de observação da porta. O ruído de uma jaula que se abria alertou-o. Correu justamente a ver o louco desaparecer pela janela, vestido de camisa de dormir. O guarda, que é robusto, não pôde passar pela janela, más eu passei. Como a janela fica poucos pés acima a do solo, não me machuquei com o pulo. Cheguei a tempo de ver um vulto branco escalando o alto muro que separa o terreno do hospício do terreno da casa abandonada.
Voltei imediatamente e dei ordem a guarda de arranjar, imediatamente, três ou quatro homens, para me acompanharem à propriedade de Carfax, para o caso do louco se mostrar perigoso. Arranjei uma escada e pulei para o outro lado. Consegui avistar Renfield justamente quando ele estava sumindo no canto da casa e corri atrás dele. Encontrei-o apertado contra a velha porta de ferro e carvalho da capela. Segundo parecia, estava conversando com alguém, mas não me atrevi a aproximar-me, para que ele não fugisse.
— Aqui estou, para cumprir suas ordens, Mestre — ouvi-o dizer. — Sou seu escravo e servi-lo-ei fielmente. Adoro-o há muito tempo e, agora que está perto, espero suas ordens.
Quando nos acercamos dele, lutou como um tigre. Parece mais uma fera que um ser humano. Nunca tinha visto antes um lunático tão furioso.
Agora, disse palavras compreensíveis, pela primeira vez: — Terei paciência, Mestre. Está chegando... está chegando...
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