DIÁRIO DE MINA HARKER
25 de setembro — Espero ansiosa a visita do Dr. Van Helsing. Talvez ele possa esclarecer um pouco as tristes experiências de Jonathan; e, como assistiu aos últimos momentos da desventurada Lucy, poderá me falar a respeito dela. É por isso que vem. É porque está preocupado com Lucy e seu sonambulismo e não por causa de Jonathan.
Jonathan saiu hoje de manhã para passar todo o dia e a noite fora e é a primeira vez que se separa de mim, depois do casamento. Espero que nada lhe aconteça que possa fazê-lo ficar nervoso. São duas horas e o Dr. Van Helsing deve chegar dentro em pouco. Não vou lhe dizer nada sobre o diário de Jonathan, a não ser que ele me pergunte. Felizmente, datilografei meu próprio diário, e poderei mostrar-lhe, no caso dele perguntar por Lucy.
Mais tarde — Ele já veio e já se foi embora. Que encontro estranho! Sinto-me atordoada. Pareço estar sonhando. Se eu não tivesse lido o diário de Jonathan antes, não teria aceito esta possibilidade. Coitado de Jonathan, como deve ter sofrido!
O Dr. Van Helsing apareceu às duas e meia e disseme que tinha vindo ver Mina Murray, a amiga de Lucy Westenra. Pediu-me para contar tudo que eu sabia a respeito de Lucy e respondi-lhe que escrevia um diária e que podia mostrá-lo, se quisesse. Ele o aceitou, agradecendo muito, depois perguntou por meu marido.
— Ele ficou muito chocado com a morte do Sr. Hawkins — respondi.
— Eu sei — disse Van Helsing. — Li suas duas últimas cartas.
— Acho que isso o perturbou muito, pois quando estávamos na cidade, quinta-feira passada, teve uma espécie de choque — acrescentei.
— Um choque, tão pouco tempo depois de uma febre cerebral! Não é bom. Que espécie de choque foi.
— Ele achou que vira alguém que lhe fazia lembrar uma coisa terrível, uma coisa que provocara sua febre cerebral.
Nesse momento, senti que tudo aquilo era demais para mim. A pena que sentia de Jonathan, o horror que experimentara, o mistério do seu diário e o pavor que aquilo me provocava, tudo me dominou em tumulto. Lancei-me de joelhos e implorei ao médico que pusesse meu marido bom de novo.
Ele me acalmou, dizendo-me que eu precisava comer, pois Jonathan não gostaria de me encontrar tão pálida. Disse que ficaria em Exeter esta noite, pois queria refletir sobre o que eu lhe dissera e, depois fazer-me algumas perguntas.
Depois do almoço, quando voltamos à sala de visitas, ele me disse: — Agora, conte-me tudo a respeito do seu marido.
— Dr. Van Helsing — disse-lhe eu, antes de começar — o que tenho de lhe contar é tão esquisito que receio que o senhor ria de mim ou de meu marido. O senhor deve se mostrar tolerante para comigo e não pensar que acreditei nestas coisas estranhas.
— Se a senhora soubesse como é estranho o que me traz aqui, então seria a sua vez de rir — replicou ele. — Aprendi a não fazer pouco de qualquer crença, por mais absurda que pareça.
— Agradeço-lhe mil vezes! — exclamei. — O senhor tirou um peso de minha consciência. Se me permitir, vou lhe dar o diário de Jonathan para ler. É comprido, mas eu o datilografei. Depois de ler, o senhor poderá ter a bondade de dar sua opinião.
Ele prometeu, e saiu levando os papéis, ficando de almoçar conosco amanhã.
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