DIÁRIO DO DR. SEWARD
continuação) 8 de setembro — Fiquei sentado a noite inteira ao lado de Lucy. Ela acordou naturalmente e seu estado é inteiramente diferente do que era antes. A Sra. Westenra não concordou com as instruções do Dr. Van Helsing, mas eu me mostrei muito firme.
De manhã cedo, chegou a criada e vim para casa. Telegrafei a Van Helsing e a Arthur, comunicando o excelente resultado da transfusão. Durante o jantar recebi um telegrama de Van Helsing, dizendo-me para ir a Hillingham esta noite, e comunicando que ele partiria à noite e de manhã estaria comigo.
9 de setembro — Estava muito cansado quando cheguei a Hillingliam, pois há duas noites que não durmo. Lucy estava muito bem disposta e insistiu comigo para não ficar acordado.
— Já estou bem de novo — disse ela, mostrando-me um quarto contíguo ao seu. — Fique ali naquele sofá e se eu precisar de qualquer coisa, chamarei.
Cansado como estou, e diante de tal promessa, não pude deixar de concordar.
10 de setembro — Acordei com a mão do professor na minha cabeça.
— E a nossa doente? — perguntou ele.
— Estava bem, quando nos separamos ontem.
Mas, quando chegamos ao quarto de Lucy, encontramos a pobre moça mais pálida e abatida que jamais.
— Depressa! — exclamou Van Helsing. — Traga a aguardente.
Quando eu trouxe a garrafa, ele colocou algumas gotas nos lábios de Lucy e, depois de alguns momentos de angústia, exclamou: — Não é tarde demais. O coração ainda está batendo, embora fracamente. Temos de começar tudo de novo. Desta vez, terei de apelar para você mesmo, amigo John.
Não havia nem tempo nem necessidade de soporífero. Foi com um sentimento de orgulho pessoal que vi as cores voltarem, de leve, às faces de Lucy.
Terminada a transfusão, Van Helsing recomendou-me que descansasse e comesse bem. Ele passaria a noite com Lucy.
11 de setembro — À tarde, fui a Hillingham. Encontrei Van Helsing bem-humorado e Lucy muito melhor... Pouco depois, chegou uma encomenda procedente do estrangeiro e destinada ao professor. Ele abriu o embrulho e tirou de dentro um galho de flores.
— É para a senhorita, Miss Lucy — disse ele.
— Para mim, Dr. Van Helsing?
— É, sim, mas não é para se distrair. É um remédio. Não precisa fazer caretas, que prometo que não terá de beber coisa alguma. Com estas flores, farei uma guirlanda, para colocar em torno de seu pescoço. Sim! São como as flores de lótus, que afastam os males.
— O senhor está brincando — disse Lucy, depois de cheirar as flores e atirá-las para um lado, entre risonha e decepcionada. — Não passam de flores de alho.
— Não costumo brincar! — retrucou Van Helsing, com um modo que me causou surpresa. — Tem de me acreditar, quando digo que estas flores terão, sobre sua saúde, um efeito benéfico. Eu mesmo vou fazer a guirlanda e, além disso, espalharei as flores pelo quarto. Tive muita sorte de conseguir arranjar estas flores agora, nesta estação. Venha, amigo John, me ajudar a colocar as flores de alho, que a propósito, vieram todas de Haarlen, onde meu amigo as cultiva em estufas durante todo o ano.
Entramos no quarto, levando as flores conosco. A atitude do professor foi muito estranha, sem dúvida. Fechou cuidadosamente, as janelas e esfregou as flores em todos os caixilhos, a fim de que o ar que entrasse no aposento ficasse impregnado com seu cheiro. Fez a mesma coisa na porta e na lareira.
— Sei que tem motivo para fazer o que está fazendo, mas isso não deixa de me intrigar — observei. — Dir-se-ia que o senhor está querendo afastar algum mau espírito.
— Talvez esteja! — respondeu ele, enquanto começava a fazer o colar que Lucy deveria usar durante a noite.
Esperamos que Lucy fizesse sua toilette e, quando ela se deitou, o próprio Van Helsing colocou a guirlanda de flores de alho, em torno do seu pescoço. As últimas palavras que ele disse foram: — Tenha cuidado de não atrapalhá-la; e mesmo se o quarto parecer abafado, não abra a janela nem a porta.
— Prometo — disse Lucy — e agradeço-lhe mil vezes por sua bondade comigo!
— Esta noite, posso dormir tranqüilo — disse Van Helsing, quando nós entramos. — Procure-me amanhã cedo, para irmos ver a moça.
Talvez lembrando-me da confiança que eu próprio sentira duas noites antes, sua confiança não me tranqüilizou de todo.
De manhã cedo, chegou a criada e vim para casa. Telegrafei a Van Helsing e a Arthur, comunicando o excelente resultado da transfusão. Durante o jantar recebi um telegrama de Van Helsing, dizendo-me para ir a Hillingham esta noite, e comunicando que ele partiria à noite e de manhã estaria comigo.
9 de setembro — Estava muito cansado quando cheguei a Hillingliam, pois há duas noites que não durmo. Lucy estava muito bem disposta e insistiu comigo para não ficar acordado.
— Já estou bem de novo — disse ela, mostrando-me um quarto contíguo ao seu. — Fique ali naquele sofá e se eu precisar de qualquer coisa, chamarei.
Cansado como estou, e diante de tal promessa, não pude deixar de concordar.
10 de setembro — Acordei com a mão do professor na minha cabeça.
— E a nossa doente? — perguntou ele.
— Estava bem, quando nos separamos ontem.
Mas, quando chegamos ao quarto de Lucy, encontramos a pobre moça mais pálida e abatida que jamais.
— Depressa! — exclamou Van Helsing. — Traga a aguardente.
Quando eu trouxe a garrafa, ele colocou algumas gotas nos lábios de Lucy e, depois de alguns momentos de angústia, exclamou: — Não é tarde demais. O coração ainda está batendo, embora fracamente. Temos de começar tudo de novo. Desta vez, terei de apelar para você mesmo, amigo John.
Não havia nem tempo nem necessidade de soporífero. Foi com um sentimento de orgulho pessoal que vi as cores voltarem, de leve, às faces de Lucy.
Terminada a transfusão, Van Helsing recomendou-me que descansasse e comesse bem. Ele passaria a noite com Lucy.
11 de setembro — À tarde, fui a Hillingham. Encontrei Van Helsing bem-humorado e Lucy muito melhor... Pouco depois, chegou uma encomenda procedente do estrangeiro e destinada ao professor. Ele abriu o embrulho e tirou de dentro um galho de flores.
— É para a senhorita, Miss Lucy — disse ele.
— Para mim, Dr. Van Helsing?
— É, sim, mas não é para se distrair. É um remédio. Não precisa fazer caretas, que prometo que não terá de beber coisa alguma. Com estas flores, farei uma guirlanda, para colocar em torno de seu pescoço. Sim! São como as flores de lótus, que afastam os males.
— O senhor está brincando — disse Lucy, depois de cheirar as flores e atirá-las para um lado, entre risonha e decepcionada. — Não passam de flores de alho.
— Não costumo brincar! — retrucou Van Helsing, com um modo que me causou surpresa. — Tem de me acreditar, quando digo que estas flores terão, sobre sua saúde, um efeito benéfico. Eu mesmo vou fazer a guirlanda e, além disso, espalharei as flores pelo quarto. Tive muita sorte de conseguir arranjar estas flores agora, nesta estação. Venha, amigo John, me ajudar a colocar as flores de alho, que a propósito, vieram todas de Haarlen, onde meu amigo as cultiva em estufas durante todo o ano.
Entramos no quarto, levando as flores conosco. A atitude do professor foi muito estranha, sem dúvida. Fechou cuidadosamente, as janelas e esfregou as flores em todos os caixilhos, a fim de que o ar que entrasse no aposento ficasse impregnado com seu cheiro. Fez a mesma coisa na porta e na lareira.
— Sei que tem motivo para fazer o que está fazendo, mas isso não deixa de me intrigar — observei. — Dir-se-ia que o senhor está querendo afastar algum mau espírito.
— Talvez esteja! — respondeu ele, enquanto começava a fazer o colar que Lucy deveria usar durante a noite.
Esperamos que Lucy fizesse sua toilette e, quando ela se deitou, o próprio Van Helsing colocou a guirlanda de flores de alho, em torno do seu pescoço. As últimas palavras que ele disse foram: — Tenha cuidado de não atrapalhá-la; e mesmo se o quarto parecer abafado, não abra a janela nem a porta.
— Prometo — disse Lucy — e agradeço-lhe mil vezes por sua bondade comigo!
— Esta noite, posso dormir tranqüilo — disse Van Helsing, quando nós entramos. — Procure-me amanhã cedo, para irmos ver a moça.
Talvez lembrando-me da confiança que eu próprio sentira duas noites antes, sua confiança não me tranqüilizou de todo.
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